Virtual, hiper-realista e compartilhado, o metaverso é considerado o futuro da internet, capaz de alterar toda a nossa forma de viver: da diversão ao trabalho. Como não poderia deixar de ser, as transformações relacionadas a essa nova camada da realidade acompanham a sua grandiosidade tecnológica e não é diferente quando pensamos na relação entre advocacia e metaverso

Isso porque a utilização em massa do metaverso traz demandas de regulamentação e implicações jurídicas em temas como proteção de dados, propriedade intelectual e industrial, direito da personalidade, direito civil, penal, do consumidor e autoral. Mas não para por aí: o metaverso também tem potencial para alterar a prática da advocacia.

Seguindo a previsão de Bill Gates, cofundador da Microsoft, de que em três anos todas as reuniões de negócios acontecerão no metaverso, alguns escritórios já estão inaugurando suas novas sedes lá. É o caso do escritório de advocacia Grungo Colarulo, de Nova Jersey (EUA), que alega ser o primeiro do mundo a abrir uma sede no universo virtual. Segundo o escritório, que é especializado em seguros de acidentes pessoais, a iniciativa nasceu para atender a demanda dos próprios clientes, já cansados de reuniões pelo Zoom.

Ainda que no Brasil os advogados ainda não possam abrir escritórios no metaverso, conforme decisão do TED da OAB/SP, de 2007, que impediu a criação de um escritório jurídico no Second Life, a partir da avaliação de que na plataforma não haveria sigilo profissional por conta da possibilidade da empresa proprietária acompanhar entrevistas e consultas entre advogados e clientes, os advogados brasileiros devem ficar atentos às novidades sobre o tema.

Isso porque é possível que não só mais escritórios invistam em sedes no metaverso, como já é o caso do Japão e de países do Reino Unido, inaugurando um novo nível de troca e interação com os clientes, como também as práticas jurídicas apliquem a tecnologia de forma mais massiva aos processos, como a corte de internet chinesa (Hangzhou Internet Court) já está se propondo a fazer, utilizando juízes virtuais (não-humanos), com base em inteligência artificial para demandas do ambiente virtual.

Assim, para os próximos anos devemos esperar não só a transformação tecnológica relacionada à estrutura do trabalho, mas também à sua natureza. Para os profissionais da área jurídica que estão investindo em se manter relevantes para os próximos 10 anos, a demanda será a de atualização em diferentes frentes que ainda não estão completamente mapeadas.

Vamos juntos?