Texto elaborado por Maria Fernanda Lima – Legal Advisor no Will Bank ( https://www.linkedin.com/in/mariafernandamachadolima/)
O professor Oswaldo de Oliveira dizia que “o inovador é um traidor da tradição”. Alguém que questiona e que se sente inspirado a fazer diferente é normalmente visto no seu meio como um ingrato ou um insatisfeito.
Verdade ou não, o fato é que a transformação digital abriu um hiperlink para uma série de inovações e formas de se relacionar. O direito, como ciência responsável por balizar as relações humanas, não ficaria de fora disso. Chegamos ao exato ponto de inflexão em que a inovação líquida bate na parede sólida do mundo jurídico e nos convida a sair da zona de conforto, expandir nossa percepção de mundo, ampliar nosso campo de possibilidades e refletir sobre como de fato podemos ser essenciais à justiça.
Aqui no legal team do will enxergamos a inovação como oportunidade e por isso escolhemos o lado dos ingratos e insatisfeitos, ou melhor, dos inquietos e inconformados. Aceitamos a provocação e resolvemos investir tempo e energia para fazer diferente. Estamos nos desafiando a ser um jurídico de tênis.
E afinal, o que é ser esse jurídico de tênis? É ser um jurídico incansável e flexível, que repensa todos os dias sua forma de atuação e se readapta. É um jurídico questionador, que busca informação e toma decisão com base em dados e não em suposições. É um jurídico que articula crítica, amplia horizontes e que, por meio de visão estratégica, procura revelar pontos cegos de onde podem surgir grandes oportunidades. É um jurídico que veste a camiseta, entra em campo e joga junto com os times de negócio da empresa. Enfim, é um jurídico mais inclusivo, que valoriza a experiência, mas, sobretudo, acredita no potencial das pessoas e em suas habilidades humanas abstratas e intangíveis como imaginação e empatia.
Perseguir esse objetivo, no entanto, não é uma tarefa fácil. Com tantas frentes para atacar, como fazer para dar conta de tudo? Foi então que nasceu o projeto “Quem menos corre voa”, com o desafio de, por meio da implementação de metodologias ágeis, organizar o fluxo de trabalho e garantir mais agilidade.
Sim, eu disse agilidade e não velocidade. Velocidade tem a ver com o quanto mais podemos fazer, enquanto agilidade tem mais a ver com o quão longe podemos chegar. Não se trata de produzir mais do mesmo em menos tempo, mas em observar o entorno e aprender a se adaptar para não se tornar irrelevante. Ser ágil é priorizar pessoas, olhar para as funcionalidades do serviço, focar na colaboração e na cocriação, desapegar dos planos, aceitar bem os erros, as mudanças e, principalmente entregar valor o mais rápido possível.
Tá, mas e aí como estamos fazendo para colocar isso em prática? Começamos indo atrás de uma ferramenta para auxiliar com a organização dos backlogs dos projetos. Escolhemos um dia da semana para fechar a agenda do time e focar apenas nisso. Estabelecemos dinâmicas e estamos medindo nossa evolução operacional, sem descuidar das métricas de satisfação de nossos clientes: os demais times, claro!
E quais são nossos projetos? Estamos trabalhando na revisão dos nossos termos de uso e fluxos de contrato, estamos olhando para as OKRs da empresa e desenvolvendo os nossos próprios KPI´s. Estamos estruturando nosso Legal Operation e também agregando valor com legal design e jurimetria, afinal dados são o novo petróleo.
Até aí beleza, mas e quem disse que acreditamos que para ser ágil, basta aplicar metodologias de agilidade? A verdade é que, para nós, ser ágil tem a ver com mentalidade, comportamento e forma de se posicionar diante das situações do dia a dia e, por isso, resolvemos iniciar também o projeto “Um advogado para chamar de seu”, que destaca um integrante do time jurídico para atuar de forma próxima a cada um dos demais times da empresa.
Validamos com os times se isso faria sentido e, acredite se quiser, o feedback foi superpositivo. Com isso, esperamos nos apropriar cada vez mais de uma visão estratégica do negócio para entregar valor de fato. Estamos crescendo rápido, mas precisamos que isso aconteça de forma segura e sustentável. Quem corre sozinho vai mais rápido, mas quem corre junto vai mais longe e, no fim do dia, é para isso que estamos aqui. Então não faz sentido ficar sentado aguardando os problemas chegarem.
Enfim, tem muita coisa rolando por aqui, mas assim como o aplicativo will, estamos em fase beta, tentando validar essa nossa nova forma de atuação. Ainda é cedo para afirmar que esse é o caminho certo, mas se cenários pretendem estabelecer uma visão mais objetiva de possíveis versões do futuro, então escolhemos trabalhar com a versão dele em que acreditamos. O processo está sendo divertido.
Tomara que ao final tenhamos a certeza que colocar tudo isso em prática foi um ato de lucidez e não uma crise de insanidade. Seguimos firmes no propósito. Se é nisso que você também acredita, pega o tênis e vem 🙂