O Metaverso ganhou espaço nas discussões desde o final de 2021, despertando curiosidade sobre as consequências nos diversos mercados que serão impactados pela novidade. Conheça alguns dos principais pontos sobre o assunto e prepare-se para as transformações.

1) O Metaverso NÃO É…

Sendo um assunto do momento, é comum que como conceito seja reproduzido sem muito critério ao ponto de tornar-se vago, como aconteceu com a “transformação digital”. Por isso, antes de tudo é importante entender o que NÃO É metaverso:

Um mundo virtual – Um universo “meta” vai muito além de um universo sintético projetado para um único objetivo, como um mundos virtuais ou jogos com interação social.

Um espaço virtual – Consideradas um “proto-metaverso”, experiências de conteúdo digital, como o Second Life, possuem atributos comuns ao Metaverso, como hangouts virtuais, mas ainda carecem de objetivos de jogo.
Realidade virtual (VR) – A realidade virtual (virtual reality/VR) é capaz de ampliar as realidades ficcionais, sendo uma das formas de experienciar um mundo ou espaço virtual, porém o senso de presença em um mundo digital não faz, por si só, um Metaverso.

Uma “economia digital e virtual” – Não se trata de jogos, plataformas ou serviços de crowdsourcing onde há troca de bens virtuais e tarefas digitais por dinheiro real. Já estamos realizando transações em escala de itens puramente digitais para atividades puramente digitais por meio de mercados puramente digitais.

Um jogo – Embora o Metaverso inclua jogos, possua alguns elementos que se assemelham a jogos e envolva gamificação, ele não é um jogo, nem é orientado em torno de objetivos específicos.

Um parque temático virtual ou Disneyland – O Metaverso de fato será capaz de entregar diferentes formas de entretenimento, mas não há como compará-lo com um parque temático, cujas atrações são finitas, projetadas e centralizadas em torno de uma empresa. Além disso, a distribuição do engajamento terá uma extensa cauda, e nem tudo será sobre diversão ou entretenimento.

[FORMULÁRIO]

Uma nova loja de aplicativos – O Metaverso é substancialmente diferente dos modelos, arquitetura e prioridades da internet e ferramentas mobile de hoje.

Uma nova plataforma UGC – O Metaverso não é apenas mais uma plataforma User Generated Content (UGC), como o Youtube, Facebook e Instagram, nas quais todo o conteúdo é criado e compartilhado pelos próprios usuários, e onde o conteúdo mais popular representa apenas a menor parcela de consumo geral. Além disso, é provável que, assim como na web, cerca de uma dúzia de plataformas detenham parcelas significativas de tempo do usuário, experiências e conteúdo.

2) Metaverso é tecnologia, mas é principalmente sobre experiência

Apesar do termo ter sido cunhado pela primeira vez em 1992, o Metaverso é um fenômeno recente. Por isso, nem todos os seus aspectos estão 100% mapeados e não deve ser diferente até que as novidades, fruto das transformações e tecnologias dos próximos anos, sejam incluídas no dia a dia.

O que sabemos até o momento é que o Metaverso é algo coletivo, virtua,l hiper-realista ecompartilhado, constituindo uma dimensão voltada a experiências digitais imersivas, de expansão dos sentidos cognitivos e sensoriais humanos. Ele é construído e mediado por dispositivos móveis e de infraestrutura tecnológica, que agregam a combinação de outras camadas tecnológicas (como realidade aumentada, expandida e blockchain) e buscam a convergência entre o mundo físico e o mundo expandido.

Sendo uma nova dimensão da realidade, a hipótese do Metaverso é apostar no uso da web de forma imersiva, onde a realidade virtual se funde à experiência física a partir de uma interação total com as atividades do indivíduo. Assim, o real e o virtual devem se misturar ainda mais e o viver de forma imersiva seja a nova forma de interagir com pessoas, trabalhar e fazer negócios, inaugurando uma experiência humana completamente nova.

3) O Metaverso estará cada vez mais presente na Economia e em discussões sobre Publicidade e Privacidade

O Metaverso pressiona o Direito pela regulamentação e reflexão das implicações jurídicas em temas como proteção de dados, propriedade intelectual e industrial, direito da personalidade, direito civil, penal, do consumidor e autoral.

Na área das relações de consumo, já são milionários os investimentos de marcas como Louis Vitton, Gucci, Dolce & Gabbana, Nike, Adidas, Ralph Lauren, Vans, Balenciaga, Burberry, Rolex, Tommy Hilfiger, Renner, Stella Artois, Tim e Banco Itaú para marcar presença no Metaverso, já que os produtos digitais estão sendo considerados uma nova porta de entrada dos consumidores de classe média para essas marcas, assim como já são os perfumes e os óculos.

Quando o assunto é Privacidade, a discussão é se os usuários passarão a contar mais autonomia e controle sobre seus dados e o que consomem, a partir do aumento do fluxo de informações geradas no metaverso. E mais: as big techs terão capacidade e ética para administrar esses dados, frente ao histórico de vazamentos e interceptação por terceiros?

Esses são alguns dos caminhos que se abrem a partir da chegada do metaverso. Quais outros devemos explorar?